"Terra Americana" e as Imigrações Ilegais Crescentes na Fronteira MEX-EUA.
- Natalia Coyado
- 31 de mai. de 2021
- 26 min de leitura
Introdução
Recentemente tive a oportunidade de entrar em um Clube do Livro de um casal, dois estudantes da FDF (@direitouniversal) que me abriu para uma nova perspectiva literária. O livro do mês de maio foi “Terra Americana” da autora estadunidense Jeanine Cummings, que conta a história de uma mãe que cruza o México com o seu filho de oito anos na esperança de atravessar a fronteira com os Estados Unidos, para fugir de um cartel, “Los Jardineros”, que assassinou brutalmente dezesseis membros de sua família durante uma festa “quinceañera”. A história de Lydia e Lucca é tocante, traz pontos sensíveis e muitas dúvidas para o debate. À primeira vista, o livro choca e faz com que você não durma por dias pensando em quantas pessoas estão passando por essa exata situação enquanto você come, dorme, toma banho e fica com a sua família sem medo de ser reconhecida na rua ou ser sequestrada pela “polícia” de migração. Tudo conspirou para que esse artigo fosse o mais completo em informações o possível, pois nas semanas seguintes que terminei a leitura, tivemos um pico nunca visto antes no fluxo migratório México - Estados Unidos, o qual inclusive foi feita uma matéria sensacional do Fantástico (Rede Globo) sobre. Se olharmos uma segunda vez para a história, ela traz pontos individuais que nos permite ter uma visão mais restrita sobre cada um. Onde termina a ficção e onde começam os fatos reais? Como realmente funcionam os cartéis mexicanos e a “La Migra”? O trem “La Bestia” existe? A segurança da mulher também é um ponto a se debater, pois foi colocada em xeque diversas vezes com a presença das personagens Rebecca e Soledad, duas menores viajando mais de 3000 km sozinhas.
Diversos motivos levam uma pessoa ou uma família inteira a se arriscarem na perigosa estrada para tentar (isso é importante, não há garantia nenhuma de que conseguirá) cruzar a fronteira com os Estados Unidos. Esses motivos vão desde falta de emprego no local de origem e a busca por uma vida melhor desde os extremos casos de violência doméstica ou, como no caso do livro, violência dos cartéis mexicanos. Por isso é essencial que, ao olhar para essas pessoas, tenhamos um olhar de compaixão: ninguém faz esse caminho se houver outra opção. A maioria nem sequer chega perto da fronteira, seja por sequestro, assalto, ou até assassinato no meio do caminho.
Ademais, é importante ressaltar que o livro “Terra Americana” é uma obra de ficção, mas possui debates já existentes sobre o local de fala da autora, que é uma mulher branca espanhola, e em diversos momentos do livro, estereotipou diversas nacionalidades da América Central, além de generalizar a vida nestes países como ruins e perigosas. Neste artigo falaremos um pouco sobre isso ao tecer da escrita também, apesar de não ser o foco principal. Dado isso, todas as constatações que farei a seguir sobre diversos assuntos trazem muito da minha visão crítica acerca do assunto, apesar de possuir o máximo de realidade possível para dentro do debate.
Os cartéis
Antes de começar a dissecar a verdadeira face dos cartéis mexicanos, é importante entender o que exatamente eles são, e o motivo de serem tão poderosos (até mais do que o próprio governo). Para simplificar, os cartéis têm como finalidade principal o tráfico de drogas, principalmente a cocaína. É por isso que existem as guerras entre cartéis por territórios: eles precisam do máximo de raio de venda o possível para sobreviver. Além disso, o narcotráfico também é muito conhecido por passar toneladas de droga na fronteira dos Estados Unidos. Um caso muito famoso é o do “Joaquín ‘El Chapo’ Gúzman”, ex-líder do cartel Alianza de Sangre, mais conhecido como Cartel da Sinaloa. El Chapo entrou na lista da Forbes e estava entre as pessoas mais ricas do mundo com o patrimônio avaliado em mais de U$ 1 bi. Foram feitas diversas séries, filmes e documentários sobre ele, e seu caso ficou ainda mais famoso depois de ser preso. Atualmente, El Chapo está detido nos Estados Unidos, contando com mais de dez acusações criminais, e condenado sob pena de prisão perpétua.
O caso de El Chapo é importante para analisarmos o cenário em um contexto mais atual, e entendermos o poder que esses cartéis possuem. Após a condenação, o filho de Joaquín, Ovídio Gúzman Lopez, também foi detido pela polícia mexicana. Isso seria sensacional se o Cartel de Sinaloa não tivesse, em resposta, feito da cidade um verdadeiro cenário de guerra, e pegando mais de vinte pessoas de refém. As autoridades não tiveram outra alternativa se não libertar Ovidio, alegando que queriam salvar mais vidas. A história mostra que o narcotráfico está acima da lei, da legislação e da constituição mexicana, sem sombra de dúvidas.
Agora, trazendo um pouco da narrativa de “Terra Americana”, não consigo ver grandes distâncias da realidade. A cidade de Acapulco, grande ponto turístico entre os anos 80 e 90, está entre as cidades mais perigosas do mundo e realmente sob o comando de um cartel. Houve diversas reportagens que a chamam de “Inferno das Drogas”, após ser “Paraíso Tropical”. Uma matéria da BBC (2018) encontrou em três dias, três cabeças separadas dos corpos espalhadas pela cidade durante uma guerra de cartéis. Enfim, são diversos exemplos que posso colocar aqui sobre a violência que, ao meu ver, foi fielmente retratada no livro. No primeiro capítulo, dezesseis membros da família de Lydia e Lucca foram brutalmente assassinados durante a festa de quinze anos de Yénifer, sobrinha de Lydia, chamada “quinceañera”. Trago então, um exemplo verídico e aterrorizante do assassinato da família mórmon LeBarón. Esse caso ficou muito famoso após o incineramento de três mulheres e seis crianças, após se envolverem com a defesa dos direitos humanos no México.
De fato, eu poderia passar dias e dias expondo inúmeros casos reais de famílias que foram destroçadas por completo após “se envolverem com assuntos que não os cerne”. Isso traz, de maneira numérica, uma média de 33.000 homicídios registrados por ano, sem adentrar o fato ainda de que, quando se trata de Jornalistas, o país se configura como o mais perigoso da América. O tema “jornalismo” foi amplamente debatido em “Terra Americana”, ao passo que o marido de Lydia, Sebastián, arrisca a vida escrevendo artigos críticos sobre a violência em Acapulco, a ponto de se esconder nos dias após a publicação. O ponto final foi quando o personagem resolve escrever uma biografia não autorizada de “La Lechuza” (A coruja, em espanhol), ou Jávier, líder do cartel “Los Jardineros”. Para jornalistas mexicanos, conviver com o medo e com as constantes ameaças de morte virou rotina. Em 2020, 42 profissionais foram assassinados, se juntando ao número de 2.658 desde 1990. Ao compararmos com brasileiros, por exemplo, 21 jornalistas foram assassinados e 274 presos, com um detalhe: nenhum deles no Brasil.
O fato da história ter revelado o nome e um pouco da vida de La Lechuza é, em parte, um dos motivos da grande revolta que o livro traz: ele mostra uma face humana de um assassino sem pudor algum. Jávier é um torturador que não difere se está matando um bebê ou um idoso, se está sacrificando famílias inteiras para punir uma pessoa apenas. Mesmo assim, a autora mostra que ele é capaz de amar alguém e se revelar um pai carinhoso e presente para a filha menor de idade, além de ser um assíduo poetizo. Por ser uma obra de ficção, não posso exatamente dizer que cai em contradição com a realidade pois o livro precisa ter um plot twist, um pico de emoção. Nesse caso, foi Jávier se apaixonar por Lydia, em um ponto que nos questionamos se foi um ato de amor da parte dele matar dezesseis pessoas de sua família mas deixar ela e o filho escaparem. Claro que a minha visão sobre isso é crítica, pois uma pessoa que mata crianças e deixa seus corpos expostos na rua para servir de aviso como um chefe do narcotráfico não merece que sintamos nenhum pingo de compaixão. Mesmo assim, não considero que foi um erro deixar o roteiro um pouco mais “ameno”, se não, estaríamos lendo uma obra documental.
Por fim, sobre isso, deixo uma reflexão sobre o direito da liberdade de expressão e imprensa que possuímos no Brasil: ninguém dentro do nosso território foi assassinado por exercer a profissão que estudou muito para ter. Informar a população é obrigação da imprensa, e a liberdade de poder expressar sua opinião é garantida por lei na Constituição Federal. Existem diversas visões diferentes de um mesmo fato, escolha a sua preferida para se informar da maneira que desejar. O jornalista se arrisca todos os dias de diversas maneiras, e se reinventa a cada dia. Por isso, deve ser valorizado.
Em resumo: “Los Jardineros” não é um cartel real, mas poderia facilmente ser. A violência, os assassinatos, o medo e por fim, as fugas, são mais reais do que eu gostaria de relatar neste texto.
2. La Migra
La Migra era como eram chamados os agentes federais de migração no livro “Terra Americana''. Na história, enquanto viajavam em cima do trem, estavam passíveis dessa polícia chegar e por um ponto final da viagem dos migrantes. Era um risco principalmente para os imigrantes de outros países, que poderiam ser deportados imediatamente no melhor dos casos. No pior dos casos, o que aconteceu na jornada de Lydia e Luca, La Migra sequestram os viajantes, os torturam, roubam todo o dinheiro, estupram as mulheres e em algumas situações, os matam.
Foi muito difícil achar informações sobre estes agentes federais. O México possui uma patrulha da fronteira que dificilmente relata casos desse tipo. Entretanto, há muitos casos de sequestros por narcotraficantes. Lembrei que, logo no começo do capítulo vinte e um, enquanto todos os migrantes pulam do trem em um descampado para tentar fugir, há uma insinuação de que os agentes também poderiam estar envolvidos com cartéis: “(...) e Luca não consegue imaginar o motivo de tanto armamento, se é apenas para capturar alguns migrantes, e então também pensa que seria impossível saber a diferença, com todo aquele equipamento, entre um agente federal de migração e um narcotraficante disfarçado, e Luca não tem certeza se existe muita diferença entre eles de qualquer modo (...)”.
É extremamente comum que policiais e pessoas que supostamente atuam na lei sejam recrutados por cartéis para ficarem sob disfarce. Os motivos que levam essas pessoas a aceitar a oferta são inúmeros, mas o principal é muito simples: dinheiro. São muito mais bem pagos pelos cartéis do que por sua honesta profissão. Essa é a magia de estar em todos os lugares e ao mesmo tempo, por causa disso, ser o terror de quem foge da violência: não há em quem se possa confiar; qualquer pessoa pode ser um “olho” do narcotráfico.
Apesar disso, a única notícia que consegui encontrar diretamente sobre o assunto de policiais federais estarem envolvidos nesses sequestros foi de 2010, em um massacre de 72 pessoas perto da fronteira, incluindo dois brasileiros que tentavam atravessar pelo México, o qual logo após, houve uma demissão em massa de 3.2 mil agentes por violação da Lei do Sistema Nacional de Segurança Pública e regulamentos da Polícia Federal. Aparentemente, a próxima gestão governamental depois de 2010 também fez uma reforma nas fiscalização desse órgão.
Enfim, não duvido que ainda tenham muitos casos de sequestros e extorsões por parte de pessoas que supostamente deveriam ajudar. Contudo, não é algo facilmente relatado. Ao que parece de fato, estas situações estão em maioria, por conta do narcotráfico dominante nas estradas e rotas dos migrantes.
3. As condições desumanas da viagem e as casas de apoio aos migrantes
As condições desumanas de viagem que foram retratadas no livro me chocaram enormemente. Talvez o pior seja o trem “La Bestia”. Quando Lydia não consegue comprar passagens de avião pelo fato de Luca não possuir documentos (um ponto fora da curva absurdo no livro. Que criança de oito anos não possui nenhum documento? Lydia saiu de casa sem nem a certidão de nascimento do menino) e decide que não há outra opção a não ser o trem da morte para cruzar o México, pesquisa ainda no começo de sua jornada sobre relatos: é o meio de transporte que ninguém quer chegar ao ponto de usar. São inúmeros os perigos de viajar no teto de um trem em movimento: perder o equilíbrio e cair, ser empurrado para fora, ser roubado, assaltado, assassinado, abusado.. enfim. Não há como saber o caráter de todas as pessoas desconhecidas que viajam com você nessas condições.
Fiquei com o La Bestia na cabeça. Como seria possível que existisse?
Bem, ele existe. E os vídeos que vi, é como se estivesse na pele de Lydia, horrorizada, assistindo relatos de pessoas que tiveram sua perna decepada ao perder o equilíbrio de cair do trem. De uma maneira geral, 400 a 500 mil pessoas tentam chegar à fronteira embarcando no trem. Em 2019, um jornalista brasileiro da Record TV, Romeu Piccoli, fez uma parte da rota em cima do trem com sua equipe. Ele relata com imagens e vídeos que não há nenhuma forma de segurança no La Bestia, e que há diversos criminosos sobem e descem do trem constantemente para assaltar os migrantes (se a pessoa não tem nada mais pra dar, corre risco de ser jogada do trem).
O jornal El País também fez uma matéria muito interessante sobre um programa da Cruz Vermelha que acolhe pessoas mutiladas em acidentes gerados pelo trem, e os relatos são inúmeros: pessoas que perderam o equilíbrio e caíram com a perna na linha do trem, ou quebraram algumas partes do corpo na queda. Por isso, um fato: ninguém viaja a bordo do La Bestia se tiver outra opção. Geralmente são pessoas em situação de extrema vulnerabilidade social. Os trechos são frequentemente também controlados por cartéis, o que o deixa ainda mais perigoso em risco de sequestros, como visto anteriormente. Isso, sem sombra de dúvidas, o livro de Jeanine Cummings retratou muito bem.
Ademais, “Terra Americana” também relata uma face mais “solidária”: as casas de apoio aos migrantes. No livro, estão espalhadas em diversos pontos das rotas mais comuns dos viajantes, e acolhem por no máximo três dias pessoas que almejam chegar à fronteira dos Estados Unidos, e fornecem alojamentos, refeições e acolhimento.
De fato, as casas de apoio aos migrantes estão espalhadas pelo mundo inteiro, geralmente atreladas à uma arquidiocese ou paróquia e regidas por padres ou sacerdotes. Alguns exemplos famosos destes locais são a Casa del Migrante San Juan Diego, localizada na rota do trem La Bestia em Lechería, e a Casa do Migrante da Missão Paz, em São Paulo. Apesar de serem um ponto supostamente seguro e de descanso para migrantes, estas casas trazem alguns perigos também. No livro, isso foi exemplificado com a chegada de um misterioso personagem que gerava desconforto não apenas em todos os outros, mas ao leitor: Lorenzo, um “ex-membro” (jurava ele, de pés juntos) do cartel Los Jardineros. Em sua primeira aparição, foi expulso da primeira casa de apoio que Lydia e Luca ficaram por ter sido pego em flagrante estuprando uma mulher hospedada. Vale lembrar que estes locais se configuram como um albergue: não possuem quartos e banheiros individuais, nem trancas nas portas. Trazendo à realidade (não que o acontecimento do livro não possa ser assustadoramente real), há vários destes casos que já levaram esses lugares à ruína. Em 2012, por exemplo, a Casa do Migrante em Huehuetoca foi fechada após violências de cartéis infiltrados. Em 2015, a Casa do Migrante da Missão Paz em São Paulo sofreu um atentado xenofóbico à tiroteio.
Enfim, tais exemplos de atos de violência e as condições desumanas da viagem só servem para clarear a difícil estrada que um migrante percorre no sonho de uma vida melhor. Reitero o que venho explorando desde o começo deste artigo: ninguém deixa seu lar e arrisca o pescoço pra trilhar um caminho tão complicado se houver outra opção.
4. Menores desacompanhados viajando sozinhos
Bem, chegamos a um ponto muito difícil de ser discutido: menores desacompanhados viajando sozinhos. Esse assunto é amplamente discutido; houve no domingo (23/05/2021) uma reportagem no Fantástico que abordou justamente sobre o crescente número de crianças e adolescentes tentando atravessar por conta própria. E referente a isso, o livro “Terra Americana” traz não um, não dois, mas três exemplos dessa situação: Rebecca (14), Soledad (15), e mais ao fim da história, Beto (10).
Rebecca e Soledad são irmãs, cruzam o caminho de Lydia e Lucca e os quatro viram um grupo. Viajam sozinhos e possuem o plano de continuar assim pelo máximo de tempo possível, até que chegue a hora de se separar. A história das duas irmãs é extremamente turbulenta: moravam em uma aldeia indígena com a família, até que meninas adolescentes começaram a desaparecer misteriosamente. Para segurança, as duas foram morar com o pai em Honduras, que trabalhava duramente em um hotel, e guardava uma poupança para que no futuro as filhas pudessem ter uma vida melhor. Soledad possuía uma beleza que beirava o inacreditável, e em situações de risco, isso se configura como perigoso. Um membro de um cartel a abordou na rua e a forçou a ser “sua namorada”. Ao contar a história para Luca, Rebeca até diz que a irmã arrumou um namorado “sem querer”. Este homem, muito mais velho que ela, a estuprava todos os dias, a usava de mula para transporte de drogas, a agredia física e verbalmente e passou a controlar sua vida. Quando descobriu que Soledad tinha uma irmã, a mandou aparecer no dia seguinte com ela, ou mataria Rebeca e seu pai. E foi então que, sem escolha, Soledad escolheu fugir no mesmo dia com a caçula, levando o dinheiro que seu pai guardava, deixando apenas uma carta, sob a promessa de que chegariam aos Estados Unidos e o levariam para lá também assim que conseguissem dinheiro. E então, as duas irmãs começaram uma árdua jornada pela sobrevivência na esperança de uma vida nova.
A história de Beto é bem diferente, mas extremamente triste também. O garoto de dez anos nasceu em um lixão na Tijuana. Sua mãe era uma catadora e o irmão morreu esmagado por um caminhão de lixo aos onze anos. Beto vendeu o que tinha e encontrou no lixão uma arma e alguns pacotes de droga, e os entregou para “um cara que provavelmente era o dono delas”, sem dar muitos detalhes. O dinheiro que recebeu foi mais como uma recompensa, e resolveu usar tentando a travessia também na esperança de viver melhor. Beto possuía alguns problemas de saúde, e entre eles, a asma, o que dificultou enormemente sua viagem. Beto, em pouco tempo “de cena”, conquistou o coração dos leitores (impossível ter sido só eu) pelo carisma, e a maneira descontraída que levava a vida mesmo tendo passado por dificuldades que a maioria de nós nem sonha. Ele nunca chegou aos Estados Unidos, pois no meio do deserto, teve uma crise asmática e morreu de falta de ar.
Em 2021 vemos o gráfico que cerca o número de crianças viajando desacompanhadas para tentar atravessar a fronteira crescer muito numericamente. O mês de março veio batendo recordes: foi o mês com mais imigrantes em quinze anos. Em seis meses, de acordo com o site Observatório do Terceiro Setor, 47.729 menores adentraram os Estados Unidos. Esses números não contam as que nunca chegaram em seu destino. Sem dúvidas, grande parte desse aumento exacerbado no número de imigrantes vêm da esperança de políticas mais flexíveis de imigração na nova gestão da Casa Branca. O governo Biden possui, sim, medidas menos radicais do que seu antecessor, Donald Trump, que durante seu mandato, autorizou a ICE (Imigração e Alfândega dos EUA) a deportar imediatamente qualquer pessoa que lhes desse na telha. Biden desfez essa política desumana, orientando a análise caso por caso e autorizando os imigrantes a ficarem nos Estados Unidos até o veredito final. Estimou-se no começo desse ano que 184 mil crianças cheguem desacompanhadas. Um vídeo chocante viralizou na internet de um menino hondurenho de 4 anos abandonado no deserto, até que um carro de fiscalização da fronteira estadunidense o achou e o deu asilo. O menino disse que estava com um grupo de pessoas, mas se perdeu. Se todos os casos como esse viralizassem, as redes sociais estariam saturadas de vídeos tristes com milhares de histórias revoltantes a serem contadas.
Histórias como as de Rebeca, Soledad e Beto são fictícias no livro, mas poderíamos facilmente encontrar semelhanças se nos sentássemos por vinte minutos com alguns desses menores para lhes dar a oportunidade de contar suas vidas, e o que os levou a largar tudo para trás. O presidente dos Estados Unidos Joe Biden e sua vice, Kamala Harris (filha de pais imigrantes), disseram recentemente que a solução para isso tudo é investimento em massa nos sistemas públicos da América Central, para que as pessoas consigam ter uma qualidade de vida considerável e desistam de pegar o perigoso caminho da imigração ilegal, planejando injetar U$ 4 bi na região. Entretanto, é um contentamento muito raso acreditar que ajuda financeira sem motivar a melhora da liberdade econômica destes países vai resolver grande parte do problema. Mesmo assim, isso continuar no papel; nada foi feito por enquanto. Podemos apenas cruzar os dedos e esperar que o passo repetitivo de Joe Biden funcione, mesmo sabendo que provavelmente não vai.
5. A segurança da mulher
A segurança da mulher no mundo contemporâneo já é um tema que eu poderia escrever um livro inteiro de críticas ao sistema, exemplos absurdos de como ainda em 2021 os direitos femininos são extremamente negligenciados. O livro “Terra Americana” traz alguns exemplos de partir o coração em um milhão de pedacinhos até que não haja a menor possibilidade de cola-los novamente.
Primeiramente, temos o primeiro exemplo explícito: o estupro de uma mulher viajante que estava alojada em uma das casas de apoio aos migrantes. Não foi revelado o nome desta pessoa, e acho que, na verdade, nem era preciso para que se sentisse empatia. O homem responsável foi Lorenzo, o personagem que sem dúvidas, mais gerou desconforto, como citado anteriormente no tópico três. O padre responsável pelo “albergue” expulsou Lorenzo, após este ser pego em flagrante, e alegava aos gritos que “Aquela puta está mentindo. Vocês deveriam ajudar as pessoas.”, em uma tentativa falhada de usar qualquer tática psicológica que estupradores usam para colocar a culpa na vítima.
Há um diálogo interessante neste mesmo cenário, quando Lydia se senta para almoçar com outras três mulheres que comentam sobre o acontecido, e logo revelam uma palavra-chave, um pré-requisito para chegar na fronteira dos Estados Unidos: “cuerpomatico”. Algumas mulheres da mesa não sabiam o significado, e então:
“— Las guanacas también, y las catrachas. (...) Significa que seu corpo é um caixa eletrônico. (...) Esse é o preço para se chegar a el norte.
Após alguns segundos excruciantes, Ixchel recupera a voz, com as palavras em espanhol que lhe são familiares. La violación.
— Estupro? É o preço?”
O diálogo não só choca, como mostra uma naturalização do pensamento por parte de algumas mulheres. Elas sabem que, uma hora, irá acontecer com elas. É inevitável, então seus pensamentos voltam para a conformidade, pois assim será menos traumático e mais fácil de aceitar.
“— Já paguei duas vezes.” Foi o que uma das migrantes disse, de cabeça baixa, mas em um tom como se dissesse: "se não aconteceu com vocês, podem ir se preparando."
Logo, temos a chegada das personagens Rebeca e Soledad, que por si só, já apresentam uma história longa de estupros e abusos psicológicos e sexuais, principalmente por parte do “namorado” de Soledad, Iván, que também alugava a menina de quinze anos para amigos mediante pagamento. É inimaginável uma criança que deveria estar na escola ser submetida a esse tipo de situação como Soledad foi, e mesmo assim, percebemos uma certa inocência da idade, apesar da cara fechada na tentativa de se proteger. Ao longo do percurso, Rebeca e Soledad ainda foram estupradas e violentadas quando sequestradas pelos agentes nacionais de migração, que as separaram do resto do grupo (mesmo após Lydia alegar que as duas eram suas filhas), dizendo que “dariam uma carona às garotas”.
E para fechar os exemplos descritos no livro, temos por último, o estupro de Rebeca, uma menina de quatorze anos no meio do deserto. Falaremos mais sobre os detalhes da travessia no próximo tópico, mas o que adianto é que os viajantes dormem em abrigos e barracas, pois estes fazem um percurso de dezenas de quilômetros a pé, e é muito perigoso viajar de noite. Rebeca tirou suas roupas molhadas, assim como todos, pois o grupo encarou uma tempestade, e caso não estivessem secas no dia seguinte, provavelmente congelariam. Lorenzo a seguiu até as pedras, local que as roupas estavam estendidas e fez o que bem entendeu. Rebeca já estava muito desgastada psicologicamente após o sequestro de La Migra, inclusive se recusando a falar qualquer coisa, e era visível que o resto de energia que tinha, era para andar os quilômetros finais da travessia. Lorenzo foi surpreendido com uma arma na cabeça do coiote, El Chacal, que o alertou para sair de perto da menina. Soledad chega no cenário, pega a arma e atira no estuprador da irmã. Não há nenhum remorso nos olhos da menina após matar alguém, e, sinceramente, agrada enormemente ao leitor também.
Porém, se pararmos para pensar nas consequências psicológicas que isso traria para duas adolescentes, outro artigo inteiro poderia ser escrito. As deploráveis situações que Rebeca e Soledad passaram são extremamente comuns para diversas migrantes e imigrantes que são obrigadas a trilhar esse caminho, muitas vezes desacompanhadas (fato que não muda muito a situação, pois há diversos relatos de homens que tiveram que testemunhar o estupro de suas companheiras quando foram sequestrados pelo narcotráfico durante o percurso). Em 2019 houve um protesto generalizado pelo país após quatro policiais (agentes da lei que supostamente deveriam proteger as pessoas) estuprarem coletivamente uma menina de dezessete anos. Neste mesmo protesto, Norma Jiménez relatou tortura e abuso sexual por parte dos policiais, que realizavam uma ação para reprimir a manifestação, dentro de um ônibus. 2019 foi o ano em que onze mulheres acusaram o México (sim, o país, pois neste caso, o Estado foi conivente) de tortura sexual na Corte Interamericana de Direitos Humanos. O motivo de eu expor tudo isso é apenas para colorir o fato de que o México é um dos países mais perigosos para mulheres do mundo. A minoria dos relatos de abuso de migrantes são relatadas e denunciadas, e por isso é tão difícil encontrar números sobre a quantidade de mulheres que sofrem violência sexual todos os dias durante sua jornada.
De fato, é muito simples chegar a um veredito sobre a segurança da mulher migrante: não há. O que se aparenta, sinceramente, é que estas pessoas vivem em um constante Estado de Natureza onde não há leis, existe apenas a lei do mais forte. E por isso, todas as campanhas, protestos e manifestações pedindo a seguridade dos direitos humanos básicos para a mulher não são exagero: os apoie se tiver chance. Seis mulheres vítimas do feminicídio morrem por hora no mundo. O México enfrenta hoje a maior crise de feminicídio do mundo, e seus números são descaradamente minimizados pelo presidente Manuel López Obrador. Nos quatro primeiros meses de 2020 (janeiro-abril), houveram 987 assassinatos registrados de mulheres no país, apesar do governo alegar que foram menos, e culpar o governo neoliberal anterior por ter “fragilizado as famílias”, fato que levou ao aumento da tensão e consequentemente, homicídio de mulheres dentro de casa (foi isso mesmo que você leu. De acordo com Obrador, a culpa dos feminicídios relatados é do governo anterior, e não dele, que já está no poder desde 2018 e nada fez em questões de políticas públicas para minimizar o número).
6. A travessia, os coiotes e a dificuldade de uma vida nova
Bem, chegamos até a fronteira. E agora? Há muitos trajetos e formas de se atravessar. O muro que divide os Estados Unidos e o México dificulta muito a passagem, mas ele só cobre um terço da fronteira, e por isso, chega em um ponto que ele simplesmente acaba. A fronteira de Tijuana com San Diego, por exemplo, é quase impossível atravessar, pois o muro é muito alto e há um grande monitoramento, com câmeras, drones, viaturas, etc. O próprio Beto, personagem de dez anos do livro, nasceu em um lixão na Tijuana, e embarcou no La Bestia para chegar a Nogales, onde seria mais fácil de atravessar. Ele sabia que não teria chances ali, mesmo morando na fronteira.
O livro mostra a travessia partindo de Nogales, uma pequena cidade no estado de Sonora. Para atravessar por ali, os viajantes precisam percorrer aproximadamente 100km a pé até a cidade mais próxima, Tucson, no Arizona (se conseguirem chegar, pois muitos não aguentam o percurso no deserto, onde são submetidos a altíssimas temperaturas de dia, até 40ºC, e um frio muito intenso de noite, além de possíveis tempestades, enchentes, etc).
Há como atravessar por conta própria, mas por ser muito difícil e exigir uma experiência que os migrantes nunca possuem, é recomendável a contratação de coiotes. E aí, entramos em uma área perigosa: os coiotes não possuem fama de serem confiáveis. Trata-se de um esquema milionário de travessia de pessoas que não possui garantia nenhuma que seu dinheiro vai valer alguma coisa. Sem segurança de que conseguirão chegar, estes “guias” cobram até U$ 10 mil por pessoa pago à vista. Há muitos relatos de coiotes que pegaram o dinheiro e desapareceram (imagine, o dinheiro de uma vida pra juntar), ou que os abandonaram os imigrantes no deserto sem eira nem beira, além obviamente dos que mantiveram mulheres migrantes em cativeiro para estuprá-las. A confiabilidade da contratação desses profissionais é muito baixa. No livro “Terra Americana”, as irmãs Rebeca e Soledad possuem um primo nos Estados Unidos que conhecia um coiote confiável: El Chacal (repare que seu nome nem sequer é revelado e, realmente, na maioria das vezes estas pessoas usam apelidos para não serem rastreadas depois). Elas chegam com um pedaço de papel escondido na pulseira que contém o número de telefone do homem, e ligam assim que chegam em Nogales.
El Chacal se mostrou de confiança, apesar de extremamente rígido com quem ia com ele. Disse que não levava crianças, nem pessoas sem o equipamento correto (roupas de frio e com a cor certa, neutras, pois cores chamativas chamavam atenção das viaturas que passavam de vez em quando), pois não queria baixas no meio do deserto. De toda maneira, o coiote colocou todos num pequeno apartamento em Nogales e lá ficaram por uns quatro dias antes da travessia. Quando chegou o dia, entraram em uma van com um motorista aparentemente americano, pago por El Chacal, onde ficaram deitados no chão até serem deixados no deserto para começarem sua caminhada. Depois de ler muito sobre o assunto, a única divergência que encontrei do livro para a realidade foi um pequeno detalhe deste apartamento que os coiotes alocam os migrantes: no livro, as mulheres puderam sair para fazer compras; na realidade, em grande parte dos casos, é um cárcere privado. Não podem sair para absolutamente nada, para não correrem o risco de desaparecerem, serem rastreados, etc. É quase como uma medida de precaução.
Outra forma comum e muito perigosa de tentar a travessia é pelo traiçoeiro Rio Grande, onde diversas pessoas já desapareceram. Em 2019 uma foto muito triste viralizou nas redes sociais de dois corpos encontrados na margem: um pai e sua filha de apenas 23 meses. Aproximadamente 500 mil pessoas tentam cruzar a fronteira desta maneira pois, apesar de perigosa, é uma distância muito curta em alguns pontos específicos, como em Piedras Negras, no México, onde o rio só possui 36 metros de distância de uma margem à outra. Desde 1996, estima-se que mais de 10 mil pessoas já perderam a vida no rio que chega a ter 3000km de extensão.
Bom, algo que me deixou intrigada foi o fato de algumas reportagens que li apontarem que a maior parte dos imigrantes quer ser encontrada pela guarda da fronteira dos Estados Unidos na esperança de conseguirem asilo. A esmagadora maioria, entretanto, é mandada de volta. Desde a eleição de Joe Biden, coiotes espalharam essa fake news de que seria mais fácil atravessar e de conseguirem ir ficando. Mas afinal, o que é a reforma migratória de Joe Biden que planeja dar cidadania a aproximadamente 10 milhões de imigrantes indocumentados? A lei da cidadania precisa ainda passar por uma aprovação de 60/100 votos no Senado, mas se aprovada, residentes ilegais desde antes de 1º de janeiro deste ano poderão solicitar um visto temporário para morar no país pelos próximos cinco anos. Após este prazo, poderão pedir um greencard e se naturalizar como estadunidenses. Beneficiários de alguns programas sociais como pessoas que chegaram ao país ainda crianças, incluídos no status de proteção temporária e alguns trabalhadores agrícolas conseguem essa autorização permanente de maneira imediata e podem solicitar a naturalização depois de três anos. Esse plano é uma proposta muito ambiciosa do governo Biden que, por enquanto, não possui garantia nenhuma de aprovação, pois só possui 50 dos 60 votos favoráveis.
Contudo, os que chegam e conseguem ficar enfrentam uma dificuldade muito grande para construir a vida. No final do livro, Lydia e Luca moram temporariamente com o primo de Rebeca e Soledad e depois conseguem uma pequena casa na periferia da cidade. Lydia trabalha como faxineira, mas se sente satisfeita por Luca subir num ônibus amarelo para ir à escola todos os dias. Apesar de ser um fim satisfatório, pois eles conseguem o que queriam, os dois enfrentam alguns problemas: Luca continua sem documentação, e como são imigrantes ilegais, ficam impedidos de fazer qualquer coisa dentro do país. Lydia tem medo de solicitar por um cartão da biblioteca pois isso poderia revelar a situação ilegal em que se encontravam. As irmãs também vão à escola, mas é muito difícil conseguir se ambientar à flertes com meninos no corredor, proms e homecomings depois de tudo que passaram (o estuprador de Soledad, por fim, conseguiu assassinar o pai das meninas, e elas nunca mais ficaram sabendo da mãe e da avó que ficaram em Honduras, na aldeia). Vivem com medo de encontrar um membro do cartel Los Jardineros mesmo não estando mais no México, medo da polícia, medo de serem mandados de volta e terem que enfrentar o pesadelo mais uma vez. Enfim, não é fácil manter uma situação ilegal nos Estados Unidos, pois você está abrindo mão de todos os seus direitos (não há lei para ilegais) e escolhe viver com medo. Mesmo assim, é melhor viver desse jeito do que antes vivia.
Conclusão
Eu aprendi coisas aterrorizantes sobre a situação dos migrantes e imigrantes enquanto fazia este artigo. Quando você entende a gravidade da situação, é inevitável associar tudo isso com as diferentes crises que assolam o mundo: crise migratória, crise política, crise no sistema de saúde, crise no sistema judiciário. Quando você entende essas coisas, se sente grato por morar em um país defeituoso como o Brasil, pois sabe que apesar das falhas, nenhum cartel criminoso está acima da constituição e da lei. Sabe que para nós, a situação é muito diferente. Quantas pessoas da sua convivência já se arriscaram na fronteira desse jeito? Apesar de existirem brasileiros nessas situações, não configuram nem 5% das etnias que fazem o percurso.
O mundo passa por uma mudança tão grande em questão de globalização que não são todos os países que conseguem acompanhar. Os Estados Unidos se configuram hoje como a maior potência do mundo, são detentores de 24% do PIB mundial, vendem a ideia de sonho americano. É desolador que, logo abaixo dela esteja um país grande e tão mal das pernas como o México. Pessoas morrem todos os dias na fronteira em busca de uma vida melhor para si, para seus filhos. Nenhum muro vai impedir essas pessoas de arriscarem a vida, pois sabem que podem morrer no percurso e preferem isso mesmo. Imagine como é preferir a morte do que ficar no próprio país.
Eu, sul-americana, desconfio de todos os passos que os Estados Unidos possam dar, pois uma coisa é certa: eles não dão piso em falso. Mas o que vejo das políticas de Joe Biden é um compromisso maior com a humanidade, e uma preocupação com a vida das pessoas que se arriscam de inúmeras maneiras na fronteira, diferentemente de seu antecessor Donald Trump, dono de um total de zero compaixão por qualquer pessoa que não fosse norte-americana, branca e heterossexual.
“Mas por que a ONU não faz nada?”. Precisamos entender aqui o que é a ONU. A ONU foi criada pós Segunda Guerra Mundial com o objetivo principal de manter a paz. Ela possui muitos braços, como a UNESCO, a OMS, etc. Tudo que acontece no mundo passa por ela: os países carecem de autorização para atacar outros (ele não é obrigado a seguir, obviamente, mas a imagem do país fica péssima internacionalmente quando escolhem desrespeitar uma decisão coletiva, votada pelo Conselho de Segurança) e nada passa despercebido. Entretanto, a ONU não tem poder para interferir na política interna de nenhum país, pois isso desrespeitaria a soberania nacional. Não tem poder para mandar tropas (ela nem é dona de um exército) no México para guerrear com cartéis, nem para obrigar os Estados Unidos a aceitarem os imigrantes com braços abertos. Acredite, o que a ONU pode fazer, ela faz. Há diversos pontos de ajuda humanitária para mulheres em situação de vulnerabilidade, reabilitação para os feridos no percurso, casas de apoio aos migrantes frequentemente pertencentes a algum braço da ONU, etc. Por isso, o discurso muito frequentemente usado da ONU “não fazer nada" não cola mais.
Com isso, concluo esse texto com todas essas pessoas vulneráveis em minhas intenções de pedido de proteção, e na esperança de um futuro mais próspero, com as políticas mais flexíveis das leis de imigração propostas por Joe Biden. Não há como impedir essas pessoas de arriscar o pescoço, mas há como sermos mais informados e detentores de um pensamento coletivo e social, deixando de lado discursos falaciosos advindos da ignorância que geralmente acompanham qualquer notícia sobre o assunto na TV.
REFERÊNCIAS
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